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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Violência. Um Produto Social


A cada dia que passa, temos a impressão que a violência no Brasil vem crescendo de forma espantosa, pelo menos é um tema que ocupa grande parte do tempo e espaço das notícias.


Existem estudos que demonstram que países onde a diferença sócio-econômica é maior também em proporção será a violência. Nesse sentido, sabe-se que o excesso de frustração gera de fato grande agressividade nas pessoas.

Em um país como o nosso é notório a grande diferença sócio-econômica entre os brasileiros, é fato que as condições econômicas e sociais melhoram no Brasil, porém essa melhora ainda é precária e não beneficia a todas as camadas da população.

Imagine alguém que quer comprar aquela marca de biscoito recheado porque teve vontade ao ver um anúncio, mas a única coisa que tem para comer são restos de alimentos. Pois é, isso existe em nosso país. Sem dúvida é algo extremamente frustrante passar por isso.

Também vemos uma inversão de valores de forma global, ou seja, no mundo todo. Atualmente se valoriza de forma exagerada o ter como forma de realização, assim quanto mais uma pessoa possui mais importante ela é. Esse é o conceito de riqueza como forma de poder, muito antigo sim, porém nunca nas proporções como se vê hoje em dia.

Tal riqueza infelizmente não está ao alcance de todos, e pensar que ter é melhor do que ser, e que ter não é acessível a todos, também é frustrante. Em países onde a distribuição de renda é mais homogênea, os índices de violência são menores.

É preciso não só melhor distribuição de renda, mas também e fundamentalmente de educação. Infelizmente a violência é algo humano e por isso antiguíssimo e existe em toda parte, contudo onde as diferenças sociais e econômicas são menores a violência é menor, assim como onde o sistema educacional possui investimentos massivos de seus governos.

Além dos fatores externos a violência tem grande ligação às questões internas e subjetivas das pessoas.

Hoje, dia 22 de setembro de 2009, participei de uma entrevista no Jornal da Clube (canal Band), e o tema era sobre Bullying.

O termo Bullying é uma palavra de origem do idioma inglês e atualmente não há um termo ou uma tradução para o português, mas designa todo tipo de violência praticada por crianças e adolescentes no ambiente escolar.

A violência do Bullying pode ser de teor físico ou psicológico e envolve o autor da violência, a vítima e o espectador.

O que se nota é que os autores de Bullying procuram se afirmar no ambiente escolar pelo terror e escolhem como vítimas aqueles indivíduos que aparentam ser frágeis e indefesos. Assim o autor de bullying procura atingir status por meio de seu comportamento violento.

Parece que o atual valor de status retrocedeu aos períodos mais primitivos da humanidade, onde tudo se conseguia pela força e imposição.

A combinação da desigualdade social e econômica, do sistema educacional precário, das inversões de valores morais e éticos, e das questões psicológicas das pessoas, gera a perfeita mistura explosiva chamada violência.


Diego G. Rodriguez
Psicólogo
CRP: 06/75564

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Resposta à Critica de um Leitor


“Dr. Diego G. Rodriguez, eu gostei de algumas coisas nos artigos a respeito do sobrenatural, mas acho que o senhor está enganado sobre algumas coisas. Os espíritos existem e nem todos esses fenômenos são psicológicos, muitos são reais”.



Essa foi a critica que recebi em meu e-mail de um leitor do blog “Psicoterapia & Psicologia”.


Primeiramente agradeço a qualquer crítica, pois são a forma pela qual posso medir a qualidade do que estou postando aqui no blog. Por isso, muito obrigado!


Penso que até mesmo uma alucinação ou um sonho são reais, pelo menos para quem os vivencia.


Também tenho minhas crenças espirituais e existenciais e penso que a espiritualidade é extremamente importante para nós seres humanos, contudo meu papel aqui é de um psicoterapeuta, e como a ciência não pode provar a existência ou não dos espíritos eu não tenho competência para afirmar a existência ou não dos mesmos.


A proposta do deste blog é de “um outro olhar”, ou seja, de interpretar os mais variados temas possíveis a partir da perspectiva da psicologia, por isso sou restringido a falar daquilo que possuo até certo ponto competência.


Ter uma prática “espiritual”, como orar, ir à igreja, meditar, jejuar e assim por diante, trás muitos benefícios para uma qualidade de vida melhor. Percebo isso tanto em minha vida como na dos meus pacientes, familiares e amigos.


Porém tudo o que é em excesso passa a ser prejudicial, buscar o equilíbrio entre nossa necessidade espiritual e o mundo concreto é importantíssimo para ser alguém bem ajustado. Os excessos corrompem uma das coisas mais valiosas e saudáveis que possuímos, nossa espontaneidade e autenticidade. O fanatismo religioso, político e ideológico são alguns exemplos de excesso, ou seja, de corrupção do que somos.


Tudo vale a pena quando somos autênticos!


Diego G. Rodriguez
Psicólogo
CRP:06/75564

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sobrenatural (Parte III)

               “A mágica só funciona porque as pessoas querem e precisam acreditar que se trata de uma coisa real”. Essa frase foi dita pelo mágico e ilusionista Eisenheim interpretado por Edward Norton no filme “O Ilusionista”.
            O pensamento mágico é um processo mental que exclui a razão e a lógica, assim certas causas são conseqüências de fatos que não possuem nenhuma ligação entre si. Como é o caso das chamadas simpatias. Tal pratica se trata de uma “lógica mágica”.

Vemos um exemplo de lógica mágica em uma simpatia para tratar a calvície:
           Em uma noite de Lua Nova junte alguns fios caídos de cabelo de sua cabeça, guarde-os em uma caixinha ou qualquer outra coisa, e então enterre-os a sete centímetros em um terreno qualquer que esteja exposto ao tempo. Quando for Lua Crescente vá até o local onde enterrou os cabelos, então diante do lugar, repita sete vezes a frase: “logo despontarás, serás grande e forte, meu couro cabeludo será fértil como as margens do Nilo, onde tudo cresce”.
No primeiro dia de Lua Cheia vá até o local onde estão enterrados os cabelos e desenterre-os, jogue-os diretamente na terra e repita a sete vezes a frase mágica: “agora tuas terras são banhadas pela força vital que nutre e fará tudo crescer forte e em abundância”.  Feito dessa forma, os cabelos deixarão de cair e novos surgirão.

Contudo o pensamento mágico não deve ser interpretado como algo concreto, antes deve ser considerado como linguagem simbólica. No caso da simpatia citada acima, se realmente funcionar, terá sido pelo poder de auto-sugestão e não por uma relação de fatores mágicos.
Nos rituais e frases mágicas estão presentes os fatores de sugestão. A hipnose conhece bem o poder que as sugestões têm de levar o psiquismo do hipnotizado a criar sintomas físicos como a anestesia por exemplo.
Está na força das sugestões o poder de um feiticeiro de efetivamente amaldiçoar um membro de sua tribo. É sob o poder das sugestões e da crença que o amaldiçoado adoece, se envolve em situações de perigo e até mesmo morre. É o que nos mostra o antropólogo Lévi-Strauss em sua obra “O Feiticeiro e Sua Magia”.
O Efeito Placebo é um outro exemplo sobre o poder de sugestão e crença, pois se um paciente ingere um comprimido de farinha tendo sido dito a este pelo médico que se trata de um anti alérgico muito eficaz, é muito provável que os sintomas desapareçam.
A partir do fenômeno do Efeito Placebo, da sugestões e da crença podemos explicar a eficácia dos elixires e poções mágicas preparadas pelos feiticeiros e xamãs.

Diego G. Rodriguez
Psicólogo
CRP:06/75564