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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobrenatural (Parte II)


Possessão ou Histeria?
Há muito tempo acreditava-se que a histeria tinha estrita ligação com o útero. O termo histeria é muito antigo e foi usado pela primeira vez por Hipócrates (377 a.C).
Além da teoria de Hipócrates sobre a histeria, também se acreditava que tal doença era fingimento do paciente ou uma possessão demoníaca. Imagine como essas pessoas sofriam com a descriminação e os tratamentos ineficientes da época.
No século XIX o neurologista francês Charcot empregava a hipnose para estudar e tratar pacientes com histeria e concluiu que idéias mórbidas podiam causar sintomas físicos. Pouco mais tarde Sigmund Freud começa seus estudos em hipnose e histeria.
Aos poucos Freud matou a charada sobre a causa e a melhor forma de terapia para as histerias. Nascem daí as bases da psicanálise e a descoberta do inconsciente.
As histerias ao contrário do que se pensava não acometiam apenas as mulheres e suas causas são de afetos reprimidos no inconsciente, portanto trata-se de uma neurose e não de um problema de fluxo sanguíneo ou de possessão e feitiçaria como já se chegou a considerar no passado.
Sob a luz da descoberta da instância psíquica inconsciente, sabe-se que muitos relatos de possessões demoníacas e espíritos de outra espécie, bem como de visões fantasmagóricas e outros fenômenos tidos como paranormais estão mais para experiências psicológicas do que para o sobrenatural. Assim alguém que pensa estar possuído pode na verdade estar doente e precisando de tratamento.
Existe mais de um tipo de “histeria”, como a histeria de conversão, na qual o doente apresenta manifestações físicas tais como: paralisias, anestesias e até mesmo cegueiras. Na idade média casos como esses eram tidos pela Igreja Católica como prova de possessão demoníaca.
Hoje o meio cientifico já não usa mais o termo histeria como diagnóstico, uma vez que o mesmo passou a ser pejorativo. Atualmente, entre outros, usamos o termo “Transtornos Dissociativos”.
O que pode nos parecer sobrenatural hoje talvez não seja futuramente. Historicamente vemos que o sobrenatural parece ter ligação com o processo mental chamado “Pensamento Mágico”.


Diego G. Rodriguez
Psicólogo
CRP: 06/75564

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobrenatural (Parte I)


O medo de si mesmo

O medo do sobrenatural é algo humano, nos acompanha desde a infância e pode perdurar pelo resto de nossas vidas.
É comum vermos crianças com medo de dormir no escuro, de monstros escondidos no armário, como também adultos terem medo de fantasmas e espíritos.

Para começarmos a falar do sobrenatural podemos fazer uso da história do ser humano, pois desde que o homem vivia em cavernas a preocupação com o sobrenatural já existia.
Um exemplo concreto sobre isso está na Caverna de Les Trois-Frères na França. Nesta caverna existem imagens desenhadas na pré-história que entre outras, representam o sobrenatural na figura de um xamã feiticeiro com o corpo metade homem e metade animal.



De acordo com antropólogos que pesquisaram algumas sociedades tribais como os esquimós, um homem para ser xamã deve sentir essa inclinação ou chamado de dentro de si mesmo, como numa intuição, e então para se tornar xamã passa por um ritual (feito por si mesmo) no qual se afasta da tribo e se isola por dias e às vezes semanas em uma cabana ou algo parecido.



No isolamento o aspirante a xamã jejua, medita e ora, e então passa a ter sonhos e visões que lhe indicarão que tipo de xamã ele será e quais serão seus poderes. Depois da iniciação o xamã retorna para a tribo, e se ele conseguiu mergulhar o bastante em seu inconsciente e não sucumbir a este, (não enlouqueceu) terá se tornado um xamã, um líder espiritual que construiu uma ponte com seu inconsciente. Nem todo aspirante se tornará xamã.



O xamã passa a ter poder, pois pode falar a linguagem do inconsciente e tocar no mundo interno dos membros de sua tribo. Ele percebe, ou como diria de si mesmo, recebe revelações do transcendente, do mundo espiritual, as quais trazem benfeitorias ao coletivo tribal.



Sabe-se que o isolamento de um individuo pode levá-lo a ter diversas experiências com o inconsciente, tanto com o pessoal como com o coletivo. Numa interpretação psicológica essas mesmas experiências (alucinações visuais, auditivas, olfativas etc.) são manifestações do inconsciente que afloraram para um nível, digamos, mais consciente.



Então o medo do sobrenatural passa a ser o medo de si mesmo, ou o medo de seu próprio inconsciente, isto é, de suas vivências traumáticas recalcadas, dos desejos reprimidos, das imagens do inconsciente coletivo e dos arquétipos.




Diego G. Rodriguez
Psicólogo
CRP: 06/75564

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma crise da terceira idade


Nos consultórios tem-se percebido que pacientes da terceira idade vêm apresentando uma espécie de crise. Uma crise da terceira idade.
Crise, do latim “Crisis” por sua vez derivado do grego “Krísis”, designa um período transitório de mudança, isto é, não dura para sempre, tem um início e um fim indeterminados. No latim a palavra “crisis” é muitas vezes comparada ao vento.
Quando falamos em crise, falamos de mudança, e toda mudança traz consigo perdas e ganhos. Em termos psicológicos uma pessoa em crise está num período de perda de sua homeostase psíquica, e com toda perda vem o sentimento e período de luto.
Um exemplo de crise muito citado é o da adolescência, este sofre uma série de mudanças tanto fisiológicas quanto psicológicas. Parte do sofrimento dessa etapa da vida está na perda do corpo, da mente e do universo infantil. Com essa perda vem o inevitável período de luto.
Não é diferente com a chamada terceira idade. O idoso está passando por uma crise, com ela vem a perda e o luto.
Até alguns anos atrás o idoso se sentia fisicamente e mentalmente capaz de realizar qualquer tarefa humanamente possível, porém com o passar dos anos as funções fisiológicas vão perdendo seu desempenho. Agora fica difícil subir uma escada, enxergar, ouvir etc.
Evidentemente essas perdas acompanham sofrimento.
Perde-se todo aquele vigor da juventude e enquanto o idoso estiver elaborando seu luto, estará em crise. Muitas vezes seu sofrimento atinge aos familiares e as pessoas mais próximas.
Apesar da perda haverá ganhos, aos poucos vai desfrutando de um período da vida de maior reflexão e sabedoria é a época de descansar, de se acalmar, passear e aproveitar o tempo.
Em muitas culturas o idoso sempre foi visto como uma figura extremamente importante, era o sábio da tribo, do clã e da vila, assim era tido como alguém a ser respeitado pois já passara por diversas situações da vida e sobreviveu a todas.
O idoso é então o exemplo de superação, de força, de vitória, de auto-conhecimento e de sabedoria.
Se sobrevivermos aos muitos intempéries que a existência nos coloca dia a dia, seremos idosos, seremos esses vitoriosos.
 
 
Diego G. Rodriguez

Psicólogo
CRP:06/75564

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Gripe suína: realidade e imaginário


O vírus H1N1 está à solta, isso é fato. Muitos casos vêm aparecendo dia a dia no Brasil e no mundo.
Milhares de informações sobre a Influenza A, ou gripe suína, aparecem por toda parte numa espécie de bombardeio, um dos problemas é que algumas vezes essas informações são divergentes e contraditórias.
Um grande volume de informações sobre a nova gripe nos atinge de várias fontes: internet, telejornais, revistas, jornais e mesmo nas conversas entre colegas, amigos e familiares. Esse “massacre informativo” passa a evocar diversas neuroses e fantasias nas pessoas, de maneira a entrarem em pânico.
Existe um inimigo real, mas também nossa crença sobre o tamanho desse inimigo.
Até que ponto não estaríamos distorcendo a realidade?
É preciso prevenção tanto para com o vírus H1N1 quanto para nossas neuroses que até então estavam “adormecidas” e que na primeira oportunidade reapareceram.
Além de tratarmos da gripe suína deveríamos tratar dessas antigas neuroses que nos acompanham desde muito tempo. Quais neuroses? Aqueles pensamentos que nos tiram o sono e nos fazem a agir descontroladamente e de maneira maníaca são uma pista.
O grande volume de informações sobre a nova gripe, muitas vezes de utilidade duvidosa, e das questões internas das pessoas, como as neuroses, podem formar uma combinação desastrosa.
Imagine como uma pessoa com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) poderia reagir. As medidas de prevenção contra o vírus da Influenza A, como higienizar as mãos, se transformariam em rituais repetitivos e maníacos. Seria uma combinação extremamente maléfica.
Um controle dos fatores de risco da gripe suína e da administração de si mesmo se fazem muito necessário em momentos como estes.
livro,
Diego G. Rodriguez
Psicólogo
CRP:06/75564