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terça-feira, 28 de julho de 2009

A corrida de rua, seus benefícios e malefícios



A corrida em termos de equipamento exige pouco; um par de tênis adequado e roupa apropriada para o clima.
A prática freqüente de corrida trás muitos benefícios a saúde tanto física quanto psicológica. Entre os benefícios físicos destacamos as melhoras cardíaca, respiratória, musculares e ósseas. Quanto ao psiquismo citamos as melhoras das funções cognitivas (pensamento, memória, raciocínio etc.) e afetivas (humor, criatividade etc.)
A prática de corrida faz com que nosso cérebro produza maior quantidade de endorfinas (logo após o exercício), substância responsável pela sensação de prazer e bem estar. Para se ter uma idéia da importância da endorfina alguns tipos de depressão de origem bioquímica cerebral ocorrem justamente pela falta desse neurotransmissor.
É sempre aconselhável que antes de se iniciar uma atividade física se procure um profissional capacitado em realizar uma avaliação física, para saber se existe algum tipo de limitação como a cardíaca por exemplo. Todos temos limites, até o mais preparado dos atletas de elite, portanto respeitar os próprios limites é de fundamental importância.
A prática de corrida regular traz muitos benefícios, muito mais do que os descritos acima, porém pode se transformar em algo altamente prejudicial ao corpo e ao psiquismo se praticada de forma inadequada e exagerada.


Hoje se fala em dependência em atividades físicas, existem diversos estudos que procuram entender esse fenômeno.

Existem diferentes denominações para essa dependência como: dependência positiva (Glasser), a qual traria benefícios físicos e psíquicos ao dependente, dependência negativa (Morgan), cujo exagero na prática de exercícios traz prejuízos físicos e mentais, compulsive jogging (Lyons e Cromey) assim o dependente além do exagero da prática de exercícios apresenta sintomas de disfunções alimentares e dependência de exercício (DeCoverley Veale) por considerar esse comportamento similar a qualquer outro tipo de dependência.
Para se ter uma idéia existe até mesmo uma escala para medir se um corredor é ou não dependente, se sim e o quanto é. Trata-se da Escala de Dependência de Corrida de Hailey e Bailey.
Podemos inferir que parte da dependência de corrida está no neurotransmissor endorfina. Corredores amadores e atletas de elite relatam que quando por algum motivo têm suas práticas de corrida interrompida se sentem irritados, culpados e depressivos. Algo semelhante a uma síndrome de abstinência.
A dependência fica clara quando o praticante de atividade física (no nosso caso a corrida ou jogging) mesmo doente e ou com algum tipo de lesão sai para correr. Alguns dependentes desmarcam compromissos ou mesmo os evita para treinarem e acabam por se isolar socialmente. Em casos extremos a dependência de corrida é tanta que chegam a terminar relacionamentos amorosos, a afastarem-se da família e dos amigos para se dedicarem exclusivamente à corrida.
A corrida praticada de forma adequada melhora nosso estado de humor, qualidade do sono, funções metabólicas, previne doenças, melhora nossa memória, raciocínio, auto-estima, relacionamentos interpessoais, diminui o estresse e assim por diante.
A corrida ou jogging pode trazer inúmeros benefícios à saúde tanto física quanto psíquica, mas deve ser praticada sempre com moderação.
Sentir necessidade de treinar em excesso pode ser sinal de que algo de psicológico não vai bem.
Fica a questão: o que realmente o motiva a calçar um par de tênis e sair para correr?
“A diferença entre o veneno e o remédio está na dose” – Paracelso.
livro,






Diego G. Rodriguez

CRP:06/75564

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tragédia aérea e o arquétipo de morte


De acordo com a antropologia e psicologia, o ser humano é o único ser vivo consciente de que um dia irá morrer.

A questão da morte, sempre foi extremamente angustiante para nós humanos. O sentimento gerado por essa questão sempre rendeu diversas produções, ou seja, estamos falando que em face da inevitável idéia de morte o ser humano cria.

Atualmente a ciência trata de produzir temas ligados a questão da morte. A medicina, por exemplo, procura adiá-la o máximo possível através de novas técnicas, terapias, medicamentos, dietas, etc.

Porém a questão do fim já era explorada há muito mais tempo, através dos mitos, ritos, artes e religiões.

De acordo com a teoria do psicólogo Carl G. Jung, a questão da morte (como conceito) é arquetípica, isto é, acompanha-nos desde nossos ancestrais e está impressa em nosso inconsciente coletivo, e por isso tanto nos fascina e nos aterroriza. Daí algumas de nossas produções artísticas, religiosas, cientificas e mitológicas.

O trágico acidente do Airbus da companhia Air France, ocorrido há poucos dias, é uma típica fatalidade que atinge diretamente esse arquétipo de morte em nosso inconsciente.

Interessamos-nos em acidentes dessa proporção justamente porque nos coloca diante do arquétipo de morte e do imaginário de que poderia ou poderá ocorrer conosco ou com algum ente querido. Podemos citar, a exemplo, as declarações de passageiros de outros vôos logo após o acidente, todos eles expressam medo, angustia e tensão.

Estamos falando de um acidente de morte em massa. Durante milhares de anos estivemos expostos a tragédias de massa, doenças, tempestades, terremotos, enchentes, erupções de vulcões etc.

Em tempos modernos temos mais um tipo de tragédia de massa, os acidentes aéreos, e com ele novas configurações em nosso imaginário de morte.

Mesmo sabendo racionalmente que os acidentes aéreos são raros, e que estatisticamente, ocorrem mais mortes decorrentes de acidentes de transito, acidentes aéreos nos chocam muito mais. Talvez porque, em uma queda de avião comercial, como Airbus A330 da Air France, acontecem várias mortes de uma só vez.

Diria então, que um acidente como esse da Air France se compara a uma pandemia, ou a outra catástrofe que envolva mortes em massa. Assim esse tipo de fatalidade de massa nos comove muito mais, e ativa com muito mais vigor nosso imaginário, funcionando como a ignição de nosso arquétipo de morte em massa. Daí uma espécie de sintomatização global de medo.

Diego Gutierrez Rodriguez
Psicólogo
CRP: 06/75564