
Imagine que você tenha se isolado em uma ilha, onde não há nenhum outro, só há você e o ambiente.
Para algumas pessoas se torna uma tortura ficar quieto e só, sem ter o que fazer, sem ter pra onde ir. Por quê?
Quando estamos sós os fantasmas aparecem, somos obrigados a nos confrontar, a enfrentar nosso mundo interno. Enquanto estamos fazendo coisas, fazendo barulho, não ouvimos o que temos a dizer a nós mesmos, enfim, não sabemos o que se passa nos bastidores, o que há além das cortinas.
Muitas vezes vamos evitando de maneira maníaca um encontro com nós mesmos, mas um dia inevitavelmente esse encontro será promovido pelas circunstancias da vida.
Um dia desses reencontrei um grande amigo que fazia muito tempo não o via. Ele sempre foi alguém muito ativo, até pra falar ficava agitado, se mexendo, andando de um lado pro outro.
Suas palestras arrebatavam todos da platéia. É um cara cheio de alegria e energia. Se você fosse um espectador de uma de suas palestras, certamente seus olhos correriam de um lado ao outro tentando acompanhá-lo. Uma hora, duas ou mais, passava num instante, nunca foi um sujeito entediante.
Começou a trabalhar cedo, o cara era um vulcão em erupção, não conseguia ficar quieto. Seu trabalho mais vocacional (para o qual foi chamado das profundezas de seu inconsciente) tinha fator de periculosidade o que o forçou a aposentar-se muito jovem.
Esse amigo, pensou que com o tempo que teria vago, se dedicaria a família e a outros afazeres, porém havia tempo de mais para preencher.
Aconteceu que ele sucumbiu ao labirinto escuro da depressão, do transtorno de ansiedade generalizada e da insegurança. Ele havia se encontrado consigo mesmo, ou melhor, com suas neuroses e psicoses. Ele se perdera, mas, como dizem, ás vezes é preciso se perder para se encontrar.
Tudo o que ele mais temia de dentro de si mesmo e havia passado grande parte de sua vida evitando, agora fora obrigado a confrontar. O inevitável encontro com seu lado obscuro e doente tinha acontecido.
Toda aquela superfície de energia, de aparente autoconfiança e de alegria tinha caído. Era preciso trocar de pele ou viver doente.
O reencontrei já recuperado, de fato ele tinha se encontrado, agora era alguém que não vivia em fragmentos, estava completo, mais sábio, sabia e admitia toda sua fragilidade e obscuridade.
A final, ele tinha entendido que a escuridão e a luz se complementavam.
Diego Gutierrez Rodriguez
CRP: 06/75564
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